Gabriel Sherer, de 24 anos, natural de Foz de Iguaçu, Paraná, foi o ganhador do Prêmio Oxford de Design 2019, cujo tema era “Que futuro você vê?”. Formado em Arquitetura e Urbanismo há apenas 2 anos, Gabriel criou o projeto vencedor, Etéreo Amanhã, usando cores vivas e formas livres, para simbolizar a esperança numa sociedade mais justa e igualitária. Na entrevista a seguir, ele conta mais sobre sua inspiração. Confira!
Puxe uma Cadeira: Como ficou sabendo sobre o Prêmio Oxford de Design 2019?
Gabriel Sherer: Descobri sobre o concurso através de um amigo que também participou. Recentemente, eu havia participado de outro concurso cultural de design e tive uma boa experiência, então, pensei em tentar novamente. O problema é que uma boa ideia não surge facilmente. Passei quatro dias pensando no tema, em possíveis respostas para o tema “Que futuro você vê?”. E para falar a verdade, todos os dias, pensava em desistir, porque nada que eu rabiscava me parecia bom o suficiente. No quarto dia de tentativas, as ideias começaram a se encaixar. Quando fiz o esboço do projeto “Etéreo Amanhã”, tudo fez sentido e fiquei satisfeito.
Puxe uma Cadeira: O que você achou do tema: “Que futuro você vê?”
GS: Minha primeira reação foi “como assim?”, estamos vivendo em tempos tão estranhos e instáveis que é muito improvável conseguir traçar uma perspectiva do futuro. Mas o questionamento é super válido, principalmente por conta de todas as transformações sociais que aconteceram e acontecem, no século XXI. Me dei conta de que se a questão fosse fácil de responder, não teria sentido. A ideia é que hajam respostas totalmente diferentes e criativas, assim como propostas de design que nos façam pensar em diferentes perspectivas.
PUC: Quais foram as suas inspirações?
GS: Ao elaborar meu projeto, “Etéreo Amanhã”, me veio o questionamento de como nos mantemos estáveis, como indivíduos, em situações de instabilidade no contexto social. E a resposta mais forte que pensei foi: esperança, que é o conceito do projeto. A esperança, que pode ser associada ao significado de ‘criar expectativa’, também significa confiança. Confiar, com base em vivências e experiências, que o amanhã pode ser um dia melhor, e que momentos de turbulentos passam. Partindo desse conceito, elaborei diversas ideias, mas tudo parecia muito literal. Como a esperança é, de certa forma, uma confiança sem certezas, quis passar a ideia de inexatidão trazendo formas e linhas sem compromisso geométrico. Até a linha de porcelana escolhida, a Ryo, foi por esse fato, pois foge do formato redondo e usual a que estamos acostumados. No quarto dia de tentativas, pensei no exemplo mais simples de esperança, a frase “depois da tempestade vem a calmaria”, e tudo se encaixou. Os pontinhos representando a tempestade, a ideia não literal do arco íris, o sol iluminando a planta que ousou crescer, representando a calmaria. E o conjunto todo resultando em uma proposta colorida, assim como o conceito. Talvez o dia de amanhã não seja colorido, mas a esperança é.
PUC: Qual é seu desejo para o futuro?
GS: Meu desejo para o futuro é que o ser humano chegue a um ponto de estabilidade em que saiba se relacionar melhor consigo mesmo e com a natureza. E consequentemente, acabe com problemas que ainda são muito fortes na sociedade contemporânea, como a falta de equidade de gênero e raça. E mesmo que isso ainda pareça imensamente distante, não podemos perder a esperança.
PUC: Como você avalia a importância de prêmios como esse da Oxford, para a valorização dos profissionais da área de Design, bem como da proposta de revelar novos artistas?
GS: Prêmios como esse são incríveis oportunidades, não só para quem ganha, mas para todos que participam, pois se aprende muito na elaboração de um projeto assim, tanto no âmbito do pensamento, quanto na parte técnica. Além disso, gera a valorização da arte. Após me interessar por desenho digital, e descobrir concursos como esse, a minha percepção sobre design mudou. Para mim era somente um lazer, e agora, sinto que pode ser algo a mais.
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