Bruno Xavier de Oliveira, de 25 anos, natural de Foz do Iguaçu, PR, é o vencedor do Prêmio Oxford de Design 2020, cujo tema foi “Uma Viagem pela sua Casa”. Formado em Arquitetura e Urbanismo, Bruno usou a experiência profissional para criar o projeto “O amanhecer da minha janela”. Formas geométricas e cores inspiradas na natureza foram os elementos empregados por ele para transmitir um desejo genuíno de renovação e esperança.
“Da minha janela, a cada novo amanhecer, avisto a esperança brotar. Reclusão para poder renascer, ter esperança que esse caos passará, basta esperar o sol voltar a florescer. Sejamos resilientes, pode demorar, mas como minha janela costuma mostrar: sempre há de haver um novo amanhecer. É só esperar.” Foi assim que Bruno definiu sua arte no concurso.
Confira, a seguir, a entrevista que fizemos com ele!
Puxe Uma Cadeira: Como ficou sabendo sobre o Prêmio Oxford de Design 2020?
Bruno Xavier de Oliveira: Eu acompanho o prêmio há algum tempo, é a segunda vez que me inscrevo. Fiquei sabendo da premiação através das mídias sociais e achei uma oportunidade incrível de me desafiar.
Desafio do Prêmio Oxford
PUC: O que você achou do tema, “Uma Viagem pela sua Casa”?
BO: Achei muito coerente com o momento. Um tema contemporâneo que nos fez pensar sobre a nossa relação com a casa de uma forma mais subjetiva e intrínseca. Foi surpreendente a quantidade de representações e de ideias relacionadas ao espaço que habitamos e onde, de certa forma, passamos boa parte de nossas vidas. Eu, como arquiteto, procuro sempre desvendar essa relação entre as pessoas e o espaço. Procuro traduzir e trazer as ideias contidas no imaginário para o campo do real. Então, fiquei bastante feliz em ver diversas linguagens de representação do objeto casa. Costumo dizer que arquitetos são pontes entre a realidade e os desejos relacionados à casa. Interpretar esse campo não é uma tarefa fácil, uma vez que vem carregado de afetividade, memória e símbolos.
PUC: Quais foram as suas inspirações?
BO: A minha inspiração foi justamente a minha casa e a forma como lidei com ela nesse momento. Os sentimentos que me atravessaram também serviram de inspiração, como a esperança que precisei cultivar para tentar manter a sanidade mental diante de todo o caos que estamos vivendo. Através disso, criei essa alegoria que chamei de “O amanhecer da minha janela”, onde tentei expressar esse sentimento à partir da visão da minha janela. Em cada novo amanhecer eu entendo que tudo isso está passando, que pode demorar mas, como minha janela costuma mostrar, sempre há de haver um novo amanhecer.
Coletividade para corrigir assimetrias
PUC: O que você espera de 2021?
BO: É difícil pensar um 2021 diante de tudo isso, né? Mas tento cultivar a esperança de que será um ano melhor. Tento pensar que é um momento em que teremos a chance de começar diferente, melhores do que ontem, mais humanos e com um senso de coletividade maior. Falo em coletividade, justamente, porque 2020 demonstrou que precisamos pensar de forma global, buscando corrigir as assimetrias entre as pessoas. Para que, em momentos como esse, todos tenham a chance de, por exemplo, fazer uma quarentena confortável e segura, em sua casa própria. Isso parece o mínimo mas, infelizmente, poucos possuem esse privilégio.
PUC: Como você avalia a importância de prêmios como esse da Oxford, para a valorização dos profissionais de Design, e revelação de novos artistas?
BO: Eu acho de suma importância. É uma área muito difícil de se colocar no mercado de trabalho. E que, muitas vezes, é lida como banal e fútil. Nem todo mundo consegue ter a percepção que tudo que nos rodeia é design, desde os instrumentos médicos que nos colocam no mundo, até os utensílios que nos servem de apoio para alimentação. É muito importante, também, que se incentive a subjetividade. Nem tudo é funcionalidade, afinal, somos seres dotados de imaginação e ela precisa ser alimentada e valorizada. Acho que o Prêmio Oxford de Design busca justamente isso, incentivar esse lado do design: valorizar e dar visibilidade aos olhares criativos, subjetivos, dos designers brasileiros que muitas vezes ficam invisíveis por falta de oportunidades.
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