Em de volta de uma grande mesa compartilhada e uma atmosfera acolhedora criada pela chef Larissa Guerra, revivemos memórias afetivas através de receitas da culinária alemã.
Há quanto tempo você não interrompe a rotina no meio da tarde, passa um café, se dedica a uma mesa posta (mesmo que seja simples) e compartilha um café da tarde com alguém? Nós nos fazemos essa pergunta frequentemente. Volta e meia nos lembramos com carinho dos cafés da tarde que tomávamos na casa dos nossos pais e das nossas avós durante a infância. O momento do café da tarde é um dos hábitos das famílias que colonizaram a cidade de Pomerode e região. Foi por isso que, ao conversar com a chef de cozinha Larissa Guerra e definir o propósito da nossa visita, optamos por viver essa experiência gastronômica durante a tarde para reviver algumas memórias afetivas.
A Larissa nos recebeu na casa onde ela mora em Pomerode. Para duas arquitetas apaixonadas pelo patrimônio histórico catarinense, essa foi a primeira boa surpresa. A paisagem no caminho até lá já indicava porque Pomerode recebeu o título de “cidade mais alemã do Brasil”. Muitas casas enxaimel preservando a história e paisagens bucólicas.
A casa onde Larissa mora e recebe alguns visitantes é tombada, foi construída no ano de 1932 com a técnica enxaimel. Posteriormente a casa foi rebocada. O enxaimel é uma técnica de construção trazida pelos alemães para o Brasil. A construção das casas consiste na construção de paredes com hastes de madeira encaixadas entre si, sem pregos. O preenchimento entre as hastes é feito, geralmente, por tijolos cerâmicos. Quando conhecemos uma casa com essa idade e um sistema construtivo tão diferente, muitas perguntas ficam pipocando na mente. Quantas pessoas já moraram aqui? Como eram os cafés da tarde nesta casa? Como era a disposição dos móveis?
A casa desperta curiosidade e cria a atmosfera perfeita para saborearmos o que a culinária catarinense tem de melhor. Esse é um dos propósitos do Cozinha Catarina. Um projeto onde a Larissa e o Robson, cozinheira e cervejeiro respectivamente, abriam as portas da sua casa para quem quisesse provar comida e cervejas boas. Eles nos contaram tudo isso em uma conversa agradável, natural e descontraída, do jeitinho que um café da tarde pede.
Se o caminho, a casa e a conversa por si só já se mostravam como motivos suficientes para viver essa experiência de café da tarde em Pomerode, imagina depois que soubemos qual seria o cardápio!
Pão caseiro com “chimia” de goiaba serrana no café da tarde
Os pães caseiros estão presentes na maioria das refeições da culinária alemã trazida pelos imigrantes. Era muito comum que as casas tivessem fornos usados diariamente para assar os pães para uma família inteira. Para acompanhar, não poderia faltar a famosa “chimia”. Este é o nome dado a diferentes tipos de comida pastosas que podem ser passadas no pão. A escolha da Larissa para nosso café da tarde foi de uma geleia caseira de goiaba trazida da serra catarinense.
Patê de linguiça
Os mini sanduíches eram recheados com patê de linguiça Blumenau, item famoso na culinária alemã e permite diversas combinações. Além de ser usada como “chimia”, a linguiça também é usada como recheio de pães, ou como ingrediente de pratos quentes como molhos e risotos.
Bolo de banana com canela da Oma
Oma é uma palavra alemã que significa avó. Apesar de parecer óbvio, essa receita não é da avó da Larissa. Ela aprendeu a receita desse bolo com uma senhora que era muito próxima da família dela, e que chamava de “oma”.
Biscoitos artesanais e café coado
Os tradicionais biscoitos amanteigados artesanais e o cheirinho de café passado não poderiam faltar nessa mesa. Em muitas famílias é comum, ainda hoje, o hábito de “tungar” (alguns também falam “tuncar”) a bolacha no café.
Finalizamos essa experiência com nostalgia. Criamos novas memórias afetivas e temos certeza de que preparar uma mesa de café da tarde para compartilhar com alguém será sempre um ato de amor, carinho e acolhimento.
O Cozinha Catarina cresceu! Hoje você pode experimentar todas as delícias preparadas pela Chef Larissa Guerra no restaurante e cantina da Escola Superior de Cerveja e Malte.
Deixe um comentário